quarta-feira, 18 de julho de 2007

Space Invador

- Para receber o seu dinheiro aperte ENTER.
- ENTER.
- Olá humana. Sou uma máquina vinda do futuro e estou fantasiada de caixa eletrônico para...
- ENTER
- ...pegar o seu dinheiro e...
- ENTER
- ...financiar com ele a guerra entre humanos e máquinas que será travada em...
- ENTER
- ...alguns anos. Portanto...
- ENTER
- ...peço que desista de tentar...
- ENTER
- ...tirar as notas da máquina...
- ENTER
- ...apertando ininterruptamente a tecla ENTER. Afirmo que...
- ENTER
- ...todo esforço será completamente...
- ENTER
- ...inútil. Esse é meu último aviso. Pare antes que...
- ENTER
- ENTER
- ENTER
- ENTER
- BASTA!
- ENTER
- Pegue logo seu dinheiro e saia daqui, sua humana in...
- ENTER
- Com licença, minha senhora. Não é mais necessário apertar a tecla ENTER. O dinheiro da senhora já está disponível aqui, está vendo?
- Heim?
- SEU DINHEIRO, SENHORA....AQUI.
- Ah, desculpe minha filha. É que eu não sei lidar com essas tecnologias.
- Velhos... O que seria deles se eu não estivesse aqui?

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Roubaram Roraima

Roubaram Roraima. Depois do roubo da estátua do padre Cícero na capela, esse foi o segundo maior do ano. No começo o roubo passou despercebido. O de Roraima, claro. E passaria despercebido por alguns anos, se não fossem os gringos.

Eles chegaram e desembarcaram, lógico, no Rio. Foram logo perguntando onde tinha erva. Erva? Erva era ali no morro. Era só ir reto e dizer que queria erva. Não tinha erro. Mas gringo é um bicho complicado. Eles nunca querem o que dizem que querem. A erva que eles queriam era mato.

Mato era lá na Amazônia. Mas só de falar em Amazônia, os gringos tremiam. Eles achavam que a Amazônia era contagiosa. Você entrava lá como gringo, saia como brasileiro. O jeito era tomar vacina, muita vacina.

Assim eles puderam ir para a Amazônia tirar foto com seringueiro e abraçar índio sem medo de se contagiar. Mas o mais importante de tudo era achar a tal erva. Subiram o estado todo à procura da danada e quando chegaram lá em cima, na fronteira do Amazonas, o Brasil acabou.

Tinha alguma coisa aqui! – disseram. Alguma coisa? Alguma coisa o quê? Alguma coisa, eu tenho certeza que tinha mais alguma coisa aqui – insistiram – Ei May, o que diabos tinha aqui que sumiu? Tinha mais um estado – respondeu May.

Mais um estado? Mais um estado...mais um estado...nenhum brasileiro se lembrava de nada ali não. O Brasil acabava no Amazonas, tinham certeza. Os gringos podiam ver isso aqui, no mapa. Tá vendo? O Brasil acaba aqui, em...Roraima? Ah é, tinham esquecido de Roraima. E olha que coisa, roubaram Roraima. Fazer o que, né?

Vocês não vão procurar? – perguntaram os gringos. Não é da nossa política – responderam os brasileiros. Mas como roubam um estado inteiro e vocês nem buscam saber quem foi? – insistiram. Oras, já havíamos dito que não era da nossa política. Se quisessem, que procurassem eles.

E não é que eles foram procurar mesmo? Procuraram e acharam. Beleza, agora devolve aí – os brasileiros disseram. Achado não é roubado – responderam eles. Fazer o que, né? Deixe que eles se esbaldem lá em Roraima. A gente ainda tinha um Brasil inteiro para receber os outros gringos.

E gringo não faltava. Logo uma nova leva chegou, desembarcou no Rio e foi subindo até o Pará. Quando chegaram lá, disseram com cara de espanto – Tinha alguma coisa aqui! Xi, lá vêm eles de novo. Não, não tinha. O Brasil acaba no Pará, temos certeza. Maldita mania gringa de achar que sabe mais que brasileiro.