sexta-feira, 4 de maio de 2007

Dia de trabalho

Hoje é dia do trabalho. Coisa chata. Falou em dia do trabalho, neguinho já pensa em conjunto de pagode tocando na CUT. Pra mim não tem pagode hoje. Tem uma pá de música, mas pagode não.

De manhãzinha eu acordei, olhei para o lado e vi o bolo de cabelo e baba com quem me casei. Pra uma cena dessas caberia assim uma trilha de filme de suspense. Sabe quando o tubarão vem chegando naquele filme? Tam, tam, tam, tam...shuack, bom dia amor. Bom dia mais ou menos, né? Tenho que ir trabalhar em pleno dia do trabalho. E dia do trabalho lá é dia de trabalho?

Pra completar minha tristeza, chego no bar e já encontro todas as mesas cheias. De gente, claro, porque de comida sou eu que vou ter que encher. Eita povo vagabundo. Brasileiro é foda. Porque não aproveita que é feriado é vai ficar com a família? Prefere ficar sentado no boteco se enchendo de goró. Tudo bem vai, respeito a preferência dos outros. Ô Gaudêncio, serve chopp aqui pra esse povo. Vamos ver se assim eles pegam uma cirrose e não voltam no próximo dia do trabalho.

Mas voltam, sempre voltam. Não adianta demorar com os pratos, nem levar garfo sujo, nem salada sem molho, nem molho sem salada. Eles fazem careta pra mim e sorriem pro Gaudêncio. E nem falar o Gaudêncio sabe. Veio de algum lugar bem no meio do sertão nordestino e se comunica naquela linguagem que troca metade das palavras por grosnados. Ainda se mete a cantar as música estrangeira que o patrão põe pra tocar. Daí em vez de pagode, tenho que escutar música em duas línguas que eu não entendo: na do cantor e na do Gaudêncio. O que eu não daria para estar na CUT escutando meu pagode.

Mas perai, eu não preciso dar nada não. Por que não pensei nisso antes. Ô Gaudêncio, chega aí. Tá contente com o seu salário? - Tchô. - Beleza, então vamos fazer uma...quê? Como assim tá? -Tchô...cuntenti...ganhanu mais q’antes. - Gaudêncio, você não percebe que só trouxa fica feliz com o salário? - ‘Cêbo não. - Pois eu não estou contente com o meu. - Mais té carro c’tem. - É, tenho...mas e você, tem? - Tenhu não. - Sabe o que isso significa? - Seinão. - Significa que você ganha menos que eu...vai aceitar isso?

Greve! Desci logo pra CUT e dá-lhe pagode, dá-lhe morena pelada, dá-lhe lora gelada. Minha mulher que não me ligue agora que não quero saber de tubarão na minha praia. Quero só peixe dos grandes, de preferência piranha. E aqui tem de monte. Só atrapalha a vista a copeira gorducha com aquele coque na cabeça. Falando nisso, ela tá demorando muito pra trazer minha cerveja. Ô queridona, apressa aí minha cerveja, que eu quero beber. Hoje é dia do trabalho.

3 comentários:

Prima Cândida Rosa disse...

Aquê fiii, disajustadia, num é asssim tamêm não, dia do trabaio é dia de empregado virá patrãu i prá isso carecê de bebê muito, até aprendê a falar ingrêis, portugueis e andá dereito, sô! Lúcido é impossíver, a genti nunca chega lá!!!! É dia tamêm de cê xique, uai!

CHAMPION disse...

Olá Carol.. Vim buscar um sorriso seu para mim.

Carol Rosa disse...

Você já o tem :-D