- Quanto é?
- São mil reais.
- E o que você faz?
- Passo o óleo e espero que você insira toda a sua mercadoria dentro do meu buraquinho imundo.
- Huuum...então quer dizer que você tem bastante óleo.
- Muito. Mas você pode usar o quanto quiser.
- E essa mata toda aqui?
- Se você gosta peladinha, eu corto pra você. Ou prefere cortar você mesmo?
- Isso a gente combina depois. E se eu preferir algo...grupal?
- É isso que você quer, danadinho? Chama seus amigos aqui, eu deixo eles abusarem de mim. Eu ofereço tudo o que tenho pra eles, vai custar baratinho.
- Mas e aquele indiozinho abusado?
- Psiiiiiiu. Não coloca ele no meio disso.
- Mas fiquei sabendo que você andou dando algumas “coisinhas” pra ele de graça. Por que pra ele sim e pra mim não?
- Mas eu já estou te cobrando tão barato. Além disso, não foi eu que dei, foi ele que tomou à força, aquele desgraçado.
- E por que você não o denunciou?
- Por que eu amo aquele infeliz. Não sei por que, eu preciso dele.
- Você precisa é de mim. Sou eu que te maltrato do jeito que você gosta. Além disso, aquele povinho com quem você anda me idolatra.
- É porque você é tão cruel e ordinário que nos deixa loucos.
- Huuum, então está combinado, mas antes eu preciso explorar cada buraquinho molhado e negro daquelas maravilhas árabes. Logo depois passo aqui. Não esqueça o óleo, ok?
- Pode deixar. Foi um prazer conversar com você sr. Bush.
- O prazer foi todo meu, Lula. Até o próximo encontro.
quinta-feira, 29 de março de 2007
sábado, 24 de março de 2007
Super Linha
VOCÊ LIGOU PARA A SUPER LINHA, SEMPRE O MELHOR SALVAMENTO. TECLE 1 PARA CRITICAS E SUGESTÕES A RESPEITO DE SUPER PODERES. TECLE 2 PARA ADQUIRIR UM DE NOSSOS PLANOS DE SALVAMENTO. TECLE 3 PARA EMERGÊNCIAS.
...3...
NO MOMENTO, TODOS NOSSOS TERMINAIS ESTÃO OCUPADOS. DENTRO DE ALGUNS MINUTOS IRAMOS ATENDÊ-LOS. AGUARDE, SUA LIGAÇÃO É MUITO IMPORTANTE PARA NÓS. TATANAAAAAAAAA PARAPARAPAAAAA TATANAAAAA...
- Super Linha, boa tarde.
- Super Homem? Graças a Deus. Preciso de ajuda. É a minha filha...ela...
- Um instante por favor. Qual é o nome da senhora?
- O meu nome? Josefa.
- Completo, por favor.
- Josefa Osório Silva.
- E o nome da sua filha?
- Mariscleide Osório Silva
- Ma-ris-clei-de...Um instante por favor.
TANANAAAAAAAAAANA PARAPARAPARAAAAAAAA...
- Alô.
- Ai, você voltou. Graças a Deus.
- Mais um instante, por favor. Nossos ramais estão processando...
PARAAAAAAAAPA PARAPAAAAPA ADQUIRA OS SUPER PLANOS DE SALVAMENTO, OS...
- Pronto, senhora. Prossiga por favor.
- Minha filha está em perigo. Ela está pendurada em uma árvore...
- Um instante. De que espécie é a árvore?
- A árvore?...er...não sei...
- A senhora se encontra junto a ela?
- Bem...sim...
- Então tenha a gentileza de verificar.
- Hã...tá...bom....um momento...
...
- Arf, arf, arf. Pronto, olhei. Acho que é uma figueira.
- Acha?
- Eu não sou uma especialista, mas....sim...sim, é uma figueira sim.
- Aguarde um momento, por favor. Vou passá-la para o departamento de figueiras.
...ÚNICOS LIVRES DE ANIMAIS SUJOS, COMO ARANHAS E MORCEGOS. SUPER PLANOS, SUA MELHOR ESCOLHA. TANAAAAAAAAANA TANAAAANA...
- Departamento de Figueiras.
- Mas...continua sendo você quem está falando...
- Sim, mas o terminal é outro. Prossiga, por favor.
- A minha filha está pendurada em uma figueira na beira de um precipício.
- Pre-ci-pí-cio...A senhora tem a gentileza de me informar se “precipício” é com ou sem acento?
- Hã?? É...com acento.
- Ah sim. Um momento, por favor. Vou transmiti-la para o departamento responsável.
- Mas...
ESCOLHA UMA DAS SEGUINTES OPÇÕES.
TECLE 1 PARA GATOS EM ÁRVORES.
TECLE 2 PARA ROUBOS E ASSALTOS.
TECLE 3 PARA PLANOS MALIGNOS DE VILÕES EXÓTICOS.
TECLE 4 SE VOCÊ FOR A LOUIS LANE EM PERIGO.
TECLE 5 PARA FILHAS PENDURADAS EM FIGUEIRAS NA BEIRA DE PRECIPÍCIOS.
...5...
PARA SUA SEGURANÇA, ESSA LIGAÇÃO ESTÁ SENDO GRAVADA EM ÁUDIO, VÍDEO E RAIO-X.
- Departamento de Filhas Penduradas em Figueiras na Beira de Precipícios.
- O senhor novamente?
- Claro, quem a senhora esperava, o Batman?
- Não, me desculpe. Super Homem, eu quero saber se você vem salvar a minha filha ou não.
- Hummm...vou. Podemos marcar o salvamento para esse mesmo dia daqui meia hora...
- Ai, finalmente. Graças a D...
- ...do mês que vem.
- Quê???? Mas até lá ela já se estribuchou lá embaixo!!
- Ok, ok. Essa tarde está bom para a senhora então?
- Sim, por favor. Venha rápido.
- Peço que a senhora permaneça no local entre as12h00 e as 24h00. Não podemos afirmar com certeza a hora do salvamento. O protocolo é 849261034652394765926495/7,8.
- Mas...
- Muito obrigado por usar os Super Serviços. Por favor, continue na linha para responder nossa pesquisa de satisfação.
SUPER PESQUISA DE SATISFAÇÃO. TECLE 1 SE VOCÊ GOSTOU DE NOSSOS SERVIÇOS. TECLE 2 SE VOCÊ AMOU NOSSOS SERVIÇOS. TECLE 3 SE VOCÊ ACHOU NOSSOS SERVIÇOS FANTÁSTICOS...
...3...
NO MOMENTO, TODOS NOSSOS TERMINAIS ESTÃO OCUPADOS. DENTRO DE ALGUNS MINUTOS IRAMOS ATENDÊ-LOS. AGUARDE, SUA LIGAÇÃO É MUITO IMPORTANTE PARA NÓS. TATANAAAAAAAAA PARAPARAPAAAAA TATANAAAAA...
- Super Linha, boa tarde.
- Super Homem? Graças a Deus. Preciso de ajuda. É a minha filha...ela...
- Um instante por favor. Qual é o nome da senhora?
- O meu nome? Josefa.
- Completo, por favor.
- Josefa Osório Silva.
- E o nome da sua filha?
- Mariscleide Osório Silva
- Ma-ris-clei-de...Um instante por favor.
TANANAAAAAAAAAANA PARAPARAPARAAAAAAAA...
- Alô.
- Ai, você voltou. Graças a Deus.
- Mais um instante, por favor. Nossos ramais estão processando...
PARAAAAAAAAPA PARAPAAAAPA ADQUIRA OS SUPER PLANOS DE SALVAMENTO, OS...
- Pronto, senhora. Prossiga por favor.
- Minha filha está em perigo. Ela está pendurada em uma árvore...
- Um instante. De que espécie é a árvore?
- A árvore?...er...não sei...
- A senhora se encontra junto a ela?
- Bem...sim...
- Então tenha a gentileza de verificar.
- Hã...tá...bom....um momento...
...
- Arf, arf, arf. Pronto, olhei. Acho que é uma figueira.
- Acha?
- Eu não sou uma especialista, mas....sim...sim, é uma figueira sim.
- Aguarde um momento, por favor. Vou passá-la para o departamento de figueiras.
...ÚNICOS LIVRES DE ANIMAIS SUJOS, COMO ARANHAS E MORCEGOS. SUPER PLANOS, SUA MELHOR ESCOLHA. TANAAAAAAAAANA TANAAAANA...
- Departamento de Figueiras.
- Mas...continua sendo você quem está falando...
- Sim, mas o terminal é outro. Prossiga, por favor.
- A minha filha está pendurada em uma figueira na beira de um precipício.
- Pre-ci-pí-cio...A senhora tem a gentileza de me informar se “precipício” é com ou sem acento?
- Hã?? É...com acento.
- Ah sim. Um momento, por favor. Vou transmiti-la para o departamento responsável.
- Mas...
ESCOLHA UMA DAS SEGUINTES OPÇÕES.
TECLE 1 PARA GATOS EM ÁRVORES.
TECLE 2 PARA ROUBOS E ASSALTOS.
TECLE 3 PARA PLANOS MALIGNOS DE VILÕES EXÓTICOS.
TECLE 4 SE VOCÊ FOR A LOUIS LANE EM PERIGO.
TECLE 5 PARA FILHAS PENDURADAS EM FIGUEIRAS NA BEIRA DE PRECIPÍCIOS.
...5...
PARA SUA SEGURANÇA, ESSA LIGAÇÃO ESTÁ SENDO GRAVADA EM ÁUDIO, VÍDEO E RAIO-X.
- Departamento de Filhas Penduradas em Figueiras na Beira de Precipícios.
- O senhor novamente?
- Claro, quem a senhora esperava, o Batman?
- Não, me desculpe. Super Homem, eu quero saber se você vem salvar a minha filha ou não.
- Hummm...vou. Podemos marcar o salvamento para esse mesmo dia daqui meia hora...
- Ai, finalmente. Graças a D...
- ...do mês que vem.
- Quê???? Mas até lá ela já se estribuchou lá embaixo!!
- Ok, ok. Essa tarde está bom para a senhora então?
- Sim, por favor. Venha rápido.
- Peço que a senhora permaneça no local entre as12h00 e as 24h00. Não podemos afirmar com certeza a hora do salvamento. O protocolo é 849261034652394765926495/7,8.
- Mas...
- Muito obrigado por usar os Super Serviços. Por favor, continue na linha para responder nossa pesquisa de satisfação.
SUPER PESQUISA DE SATISFAÇÃO. TECLE 1 SE VOCÊ GOSTOU DE NOSSOS SERVIÇOS. TECLE 2 SE VOCÊ AMOU NOSSOS SERVIÇOS. TECLE 3 SE VOCÊ ACHOU NOSSOS SERVIÇOS FANTÁSTICOS...
sexta-feira, 23 de março de 2007
Corta!
- Corta!
- Mais profundidade! Mais profundidade!
- Corta!
- Querida, atenção! Você precisa criar algo real e profundo...um vazio que as pessoas sintam vontade de preencher. Coloca mais emoção nisso, ok?
- Corta!
- Vamos lá, você consegue criar essa mulher. Lembre-se que isso aqui é algo que já caiu na boca do povo, que já tocou fundo muita gente. É a hora da reviravolta, seja mais intensa.
- Corta!
- Chega! Tentei ser um cara profissional com você, mas não dá. Mê dá aqui a sua roupa, EU vou fazer essa mulher.
- Não aguento esses internos de hoje...Nem uma operação de mudança de sexo conseguem fazer.
- Mais profundidade! Mais profundidade!
- Corta!
- Querida, atenção! Você precisa criar algo real e profundo...um vazio que as pessoas sintam vontade de preencher. Coloca mais emoção nisso, ok?
- Corta!
- Vamos lá, você consegue criar essa mulher. Lembre-se que isso aqui é algo que já caiu na boca do povo, que já tocou fundo muita gente. É a hora da reviravolta, seja mais intensa.
- Corta!
- Chega! Tentei ser um cara profissional com você, mas não dá. Mê dá aqui a sua roupa, EU vou fazer essa mulher.
- Não aguento esses internos de hoje...Nem uma operação de mudança de sexo conseguem fazer.
Jesus dando aula
- Que meu Pai esteja com vocês, classe.
- Amééém, Senhor.
- Vinde a mim vós que tendes dúvidas a respeito da matéria “Porque eu sou a ressurreição e a vida. Parte I” da aula passada.
- Senhor, falei pro meu pai a respeito dessa aula e ele disse você é muito egocêntrico.
- Não ouça seu pai, ouça o meu. Alguém mais?
Silêncio.
- Comecemos, pois, a aula de hoje. Em verdade vos digo: Bem-aventurados os alunos que responderem quantas pessoas podem ser bem alimentadas com dois peixes.
- Quatro, professor!
- HAHAHA. Buuuurro! A classe toda sabe que é 5.000. HAHAHA.
- Calma, classe. Que atire a primeira pedra que nunca errou na vida.
CATAPOFT! AI!!!!!!!
- Que atire a segunda pedra quem nunca errou na vida...com excessão de Moisés.
...
- Muito bem. Teríeis mais alguma interrupção?
- Senhor, ele pegou meu braço e não quer devolver.
- César, dê a Lázaro o que é de Lázaro.
- Só quando ele devolver minha moedinha da sorte, senhor.
- Lázaro, dê a César o que é de César.
- Isso, me dê antes que eu mesmo pegue.
- Só por cima do meu cadáver.
POW!!
- Ó Pai, perdoai-vos, eles não sabem o que fazem. Lázaro, levante. César, não mate Lázaro novamente.
- Obrigado, senhor.
- Em verdade vos digo, Lázaro: Essa é a última vez que te ressuscito. Bem, irmãos. A aula chega a seu fim. Mas antes de irdes, quero me declarar decepcionado com a briga de ontem na porta da escola, entre Judas e Pedro.
- O culpado foi Pedro. Ele bateu em um fariseu.
- Não, senhor. O culpado foi Judas, que me delatou.
- Irmãos, não importa o culpado. O que importa é que vejo apenas um olho roxo em Judas, enquanto Pedro tem os dois olhos roxos.
- E qual é o problema, senhor?
- Isso significa que Judas se recusou a dar a outra face. Em verdade vos digo: Bem-aventurado és Pedro, porque ouves meus ensinamentos. Ganharás essa estrelinha de papel alumínio na testa.
- Obrigado, Senhor.
TRIIIIIIIIIIM!
- Irmãos, por hoje é só. Não esqueçam do trabalho de ciência, “A fecundidade do Espírito Santo: por que acreditar em virgens grávidas”. Se tiverdes dúvida, não exiteis em me ligar.
- Mas, senhor. Seu celular está sempre fora de área.
- Claro, afinal, meu reino não é desse mundo. Tendes um bom fim de semana e lembrem-se: Nada de comer no sábado.
- Améééém, Senhor.
Carol Rosa
- Amééém, Senhor.
- Vinde a mim vós que tendes dúvidas a respeito da matéria “Porque eu sou a ressurreição e a vida. Parte I” da aula passada.
- Senhor, falei pro meu pai a respeito dessa aula e ele disse você é muito egocêntrico.
- Não ouça seu pai, ouça o meu. Alguém mais?
Silêncio.
- Comecemos, pois, a aula de hoje. Em verdade vos digo: Bem-aventurados os alunos que responderem quantas pessoas podem ser bem alimentadas com dois peixes.
- Quatro, professor!
- HAHAHA. Buuuurro! A classe toda sabe que é 5.000. HAHAHA.
- Calma, classe. Que atire a primeira pedra que nunca errou na vida.
CATAPOFT! AI!!!!!!!
- Que atire a segunda pedra quem nunca errou na vida...com excessão de Moisés.
...
- Muito bem. Teríeis mais alguma interrupção?
- Senhor, ele pegou meu braço e não quer devolver.
- César, dê a Lázaro o que é de Lázaro.
- Só quando ele devolver minha moedinha da sorte, senhor.
- Lázaro, dê a César o que é de César.
- Isso, me dê antes que eu mesmo pegue.
- Só por cima do meu cadáver.
POW!!
- Ó Pai, perdoai-vos, eles não sabem o que fazem. Lázaro, levante. César, não mate Lázaro novamente.
- Obrigado, senhor.
- Em verdade vos digo, Lázaro: Essa é a última vez que te ressuscito. Bem, irmãos. A aula chega a seu fim. Mas antes de irdes, quero me declarar decepcionado com a briga de ontem na porta da escola, entre Judas e Pedro.
- O culpado foi Pedro. Ele bateu em um fariseu.
- Não, senhor. O culpado foi Judas, que me delatou.
- Irmãos, não importa o culpado. O que importa é que vejo apenas um olho roxo em Judas, enquanto Pedro tem os dois olhos roxos.
- E qual é o problema, senhor?
- Isso significa que Judas se recusou a dar a outra face. Em verdade vos digo: Bem-aventurado és Pedro, porque ouves meus ensinamentos. Ganharás essa estrelinha de papel alumínio na testa.
- Obrigado, Senhor.
TRIIIIIIIIIIM!
- Irmãos, por hoje é só. Não esqueçam do trabalho de ciência, “A fecundidade do Espírito Santo: por que acreditar em virgens grávidas”. Se tiverdes dúvida, não exiteis em me ligar.
- Mas, senhor. Seu celular está sempre fora de área.
- Claro, afinal, meu reino não é desse mundo. Tendes um bom fim de semana e lembrem-se: Nada de comer no sábado.
- Améééém, Senhor.
Carol Rosa
quinta-feira, 22 de março de 2007
Lei da vida
O ser humano nasce, cresce, reproduz e morre.
O homem nasce, reproduz e morre.
O homossexual nasce, cresce e morre.
O Elvis nasce, cresce e reproduz.
O espírita nasce, nasce, nasce, cresce, reproduz e morre.
O ocioso nasce, cresce, cresce, cresce, reproduz e morre.
O pobre nasce, cresce, reproduz, reproduz, reproduz e morre.
O doador de órgãos nasce, cresce, reproduz, morre, morre e morre.
Em um mundo ideal:
O sonhador nasce, reproduz e morre.
O burocrata nasce, cresce e morre.
O bondoso nasce, cresce e reproduz.
O político não nasce.
Carol Rosa
O homem nasce, reproduz e morre.
O homossexual nasce, cresce e morre.
O Elvis nasce, cresce e reproduz.
O espírita nasce, nasce, nasce, cresce, reproduz e morre.
O ocioso nasce, cresce, cresce, cresce, reproduz e morre.
O pobre nasce, cresce, reproduz, reproduz, reproduz e morre.
O doador de órgãos nasce, cresce, reproduz, morre, morre e morre.
Em um mundo ideal:
O sonhador nasce, reproduz e morre.
O burocrata nasce, cresce e morre.
O bondoso nasce, cresce e reproduz.
O político não nasce.
Carol Rosa
Caos
Se existissem verdades irrefutáveis, a mair delas seria essa: o mundo está à beira do caos. Essa frase é um clichê afinal, praticamente todo mundo já escutou isso da boca de alguém. Mas a verdade é que o mundo sempre esteve à beira do caos.
O mundo estava à beira do caos há 2000 anos, ao ser dominado por romanos impiedosos; foi quando surgiu um revolucionário que os enfrentou, arrastando multidões.
O mundo estava à beira do caos quando o revolucionário pacífico foi crucificado;
foi quando surgiram seus seguidores e estabeleceram uma igreja;
O mundo estava à beira do caos quando houve mais de uma igreja e elas passaram a guerrear;
foi quando surgiu um sultão que ganhou a guerra.
O mundo estava à beira do caos quando a época desse sultão acabou, e seu povo começou a guerrear entre si;
foi quando surgiu o presidente de uma grande nação capitalista para tentar apaziguar a guerra.
O mundo estava à beira do caos quando esse presidente traiu sua esposa e feriu os conceitos e costumes de seu povo;
foi quando surgiu um outro presidente fiel e adepto da moral.
O mundo estava à beira do caos quando esse presidente vendeu a alma do seu povo em troca de petróleo;
foi quando surgiu a revolta de algumas nações do terceiro mundo contra ele.
O mundo estava à beira do caos quando o povo de uma dessas nações entrou na miséria;
foi quando surgiu um presidente indigena capaz de entender e lutar por seu povo.
O mundo estava à beira do caos quando esse presidente indigena tripudiou e virou as costas para o maior pais da sua região;
foi quando surgiu um presidente sindicalista e popular desse grande país, que tratou de fazer…nada.
Sim, o mundo sempre esteve à beira do caos, mas nunca chegou lá, porque cada um luta com suas forças para que isso não aconteça.
Dentre todos, há os que usam as armas, o poder e a sabedoria para o bem ou para o mal. É daí que surge o equilíbrio que se espera para que o mundo não entre em colapso. Existe porém, aqueles que preferem não explorar as possibilidades que dispõem: os passivos. E quanto maiores as chances que um passivo tem de colaborar com os outros, maior a sua falha. E quanto maior a falha, mais perto o mundo estará do estado de caos e só assim o clichê se tornará realidade.
Carol Rosa
O mundo estava à beira do caos há 2000 anos, ao ser dominado por romanos impiedosos; foi quando surgiu um revolucionário que os enfrentou, arrastando multidões.
O mundo estava à beira do caos quando o revolucionário pacífico foi crucificado;
foi quando surgiram seus seguidores e estabeleceram uma igreja;
O mundo estava à beira do caos quando houve mais de uma igreja e elas passaram a guerrear;
foi quando surgiu um sultão que ganhou a guerra.
O mundo estava à beira do caos quando a época desse sultão acabou, e seu povo começou a guerrear entre si;
foi quando surgiu o presidente de uma grande nação capitalista para tentar apaziguar a guerra.
O mundo estava à beira do caos quando esse presidente traiu sua esposa e feriu os conceitos e costumes de seu povo;
foi quando surgiu um outro presidente fiel e adepto da moral.
O mundo estava à beira do caos quando esse presidente vendeu a alma do seu povo em troca de petróleo;
foi quando surgiu a revolta de algumas nações do terceiro mundo contra ele.
O mundo estava à beira do caos quando o povo de uma dessas nações entrou na miséria;
foi quando surgiu um presidente indigena capaz de entender e lutar por seu povo.
O mundo estava à beira do caos quando esse presidente indigena tripudiou e virou as costas para o maior pais da sua região;
foi quando surgiu um presidente sindicalista e popular desse grande país, que tratou de fazer…nada.
Sim, o mundo sempre esteve à beira do caos, mas nunca chegou lá, porque cada um luta com suas forças para que isso não aconteça.
Dentre todos, há os que usam as armas, o poder e a sabedoria para o bem ou para o mal. É daí que surge o equilíbrio que se espera para que o mundo não entre em colapso. Existe porém, aqueles que preferem não explorar as possibilidades que dispõem: os passivos. E quanto maiores as chances que um passivo tem de colaborar com os outros, maior a sua falha. E quanto maior a falha, mais perto o mundo estará do estado de caos e só assim o clichê se tornará realidade.
Carol Rosa
Obra do acaso
Se em outras circunstâncias alguém me dissesse que não gostaria de se lembrar de sua encarnação passada, pensaria que esse alguém era maluco. Qualquer criatura adoraria desbravar suas lembranças proibidas e descobrir a causa, quiçá a cura, das suas paranóias. Mas não eu. Não eu, que perdi a vida passada ainda na infância.
Eu, que já vivi na superfície, que já enxerguei o subterrâneo como mero recipiente de restos fecais, tive que me contentar com esses mesmos restos na vida seguinte.
De corredor a rastejante, de desbravador a incapaz, de cachorro a minhoca. Essa foi minha trajetória, essa foi minha queda. E que queda! Transformar um macho conquistador em um verme hermafrodita não passa de puro sarcasmo do acaso.
O acaso tirou de mim minhas patas, meus pêlos e meu pau, mas nada, nada me fazia tanta falta quanto a fuça. Ah, a fuça, aquele saudoso instrumento que transformava o mundo em um enorme sachê. Como dói perder algo que eu nem percebera que era tão importante. Que desalento é sentir toda essa terra com o tato, mas nunca com o olfato.
E o acaso insistia em me perseguir. Quando conseguia esquecer a falta que a fuça me fazia e me concentrava nas banalidades diárias, comer e defecar, a chuva começava. A cada gota que caia na terra, era como se um pêlo meu fosse arrancado pela raiz e, finalmente, quando tudo terminava, estava mais minhoca que nunca. Maldita chuva que já foi bendita um dia. Maldita terra que insistia em acolhê-la, instigando fuças felizes a quilômetros de distância. Maldito de mim, animal sem fuça.
Como enxergar algo bom em tamanha desgraça? Dia após dia me perguntava isso, quando, no final das contas, o cruel e piedoso acaso enviou sua resposta. Fui capturado em uma manhã, enquanto buscava marcas do meu passado impressas na superfície. Fui aprisionado, espremido, espetado e engolido. Perdi os sentidos, e quando voltei à realidade, o universo não passava de um grande pântano de suco gástrico.
No estômago daquela criatura, naquele espaço gosmento e pegajoso, vi restos mortais tão deglutidos e asquerosos que eu nem mesmo poderia identificar do que eram. E foi agonizando em meio àquele antro que parei de maldizer a nova vida que havia me sido imposta. Bendito acaso, que me poupou de sentir o que havia ali com o olfato. Bendito de mim, animal sem fuça.
Carol Rosa
Eu, que já vivi na superfície, que já enxerguei o subterrâneo como mero recipiente de restos fecais, tive que me contentar com esses mesmos restos na vida seguinte.
De corredor a rastejante, de desbravador a incapaz, de cachorro a minhoca. Essa foi minha trajetória, essa foi minha queda. E que queda! Transformar um macho conquistador em um verme hermafrodita não passa de puro sarcasmo do acaso.
O acaso tirou de mim minhas patas, meus pêlos e meu pau, mas nada, nada me fazia tanta falta quanto a fuça. Ah, a fuça, aquele saudoso instrumento que transformava o mundo em um enorme sachê. Como dói perder algo que eu nem percebera que era tão importante. Que desalento é sentir toda essa terra com o tato, mas nunca com o olfato.
E o acaso insistia em me perseguir. Quando conseguia esquecer a falta que a fuça me fazia e me concentrava nas banalidades diárias, comer e defecar, a chuva começava. A cada gota que caia na terra, era como se um pêlo meu fosse arrancado pela raiz e, finalmente, quando tudo terminava, estava mais minhoca que nunca. Maldita chuva que já foi bendita um dia. Maldita terra que insistia em acolhê-la, instigando fuças felizes a quilômetros de distância. Maldito de mim, animal sem fuça.
Como enxergar algo bom em tamanha desgraça? Dia após dia me perguntava isso, quando, no final das contas, o cruel e piedoso acaso enviou sua resposta. Fui capturado em uma manhã, enquanto buscava marcas do meu passado impressas na superfície. Fui aprisionado, espremido, espetado e engolido. Perdi os sentidos, e quando voltei à realidade, o universo não passava de um grande pântano de suco gástrico.
No estômago daquela criatura, naquele espaço gosmento e pegajoso, vi restos mortais tão deglutidos e asquerosos que eu nem mesmo poderia identificar do que eram. E foi agonizando em meio àquele antro que parei de maldizer a nova vida que havia me sido imposta. Bendito acaso, que me poupou de sentir o que havia ali com o olfato. Bendito de mim, animal sem fuça.
Carol Rosa
Reduzam a maioridade penal
Há algumas semanas, o tema da vez na mídia vem sendo os crimes cometidos por menores de 18 anos. Esse assunto foi mantido nas entrelinhas da sociedade por muito tempo, até que finalmente despontou na forma de sensacionalismo melodramático. Hoje a mídia explora o assunto exibindo as vítimas desses crimes no ápice de sua desgraça, através de cenas que são acompanhadas por uma dramática música de fundo e uma narração de indignação. Ouvindo essas narrações, o telespectador, desacostumado a tirar conclusões por si só, repete em coro: reduzam a maioridade penal.
Reduzam a maioridade penal, repito também. Para que ser tolerante com um criminoso, só porque ele ainda não é totalmente capaz de responder pelos seus atos? Um adolescente de 16 anos já tem plena distinção do que é certo e errado. Ele sabe a conseqüência de suas ações, conhece a lei, entende os males do vicio e está preparado para o que lhe espera na prisão.
Reduzam a maioridade penal, porque os filhos devem ser punidos pela criação deturpada que seus pais lhe deram. Em lugares onde o crime é rotina, uma criança deveria ter o bom senso de distinguir o que deve ou não ser feito. Apesar de ninguém ter-lhes instruído quanto a isso, é uma conclusão à qual a sua longa experiência de vida deveria levar.
Reduzam a maioridade penal, porque quem já tem idade para votar, tem idade para ser preso. Aproveitem e reduzam a idade mínima para consumo de bebidas alcoólicas e cigarro. Cancelem as faixas de proibição dos filmes violentos, deixem que os adolescentes freqüentem os motéis, os bordéis e as casas de swing, que dirijam os carros e motos de seus pais com toda a liberdade que a lei permite.
Reduzam a maioridade penal, porque não se deve julgar uma pessoa pela idade. Nenhum entrevistador negaria emprego a alguém que ainda não alcançou a maioridade; qualquer assistente social daria a guarda de um filho a uma adolescente de 16 anos sozinha no mundo; todas as lojas aceitariam realizar vendas a prazo ou parceladas para garotos com menos de 18 anos; banco algum negaria empréstimo a alguém de 16 anos.
Reduzam a maioridade penal, porque investir em educação é muito mais complicado. É bem mais rápido e fácil formar um agente penitenciário que um professor qualificado. Deixem que os adolescentes aprendam com a vida o que a escola não os ensina afinal, todos conseguem segregar, mas só alguns conseguem ensinar.
Reduzam a maioridade penal, porque a infância acabou. Mesmo que ainda não tenham se desenvolvido completamente, crianças não passam de pequenos adultos e é como tal que devem ser tratados. Mandem cada um desses criminosos para a prisão e confiem que dentro de 15 anos sairão de lá serenos e regenerados.
Reduzam a maioridade penal. Ensinem os adolescentes a viver em sociedade excluindo-os dela. Já era tempo. Tudo que o Brasil precisava era de vingança e justiça. Lugar de justiça é atrás das grades e lugar de criança é a cadeia.
Carol Rosa
Reduzam a maioridade penal, repito também. Para que ser tolerante com um criminoso, só porque ele ainda não é totalmente capaz de responder pelos seus atos? Um adolescente de 16 anos já tem plena distinção do que é certo e errado. Ele sabe a conseqüência de suas ações, conhece a lei, entende os males do vicio e está preparado para o que lhe espera na prisão.
Reduzam a maioridade penal, porque os filhos devem ser punidos pela criação deturpada que seus pais lhe deram. Em lugares onde o crime é rotina, uma criança deveria ter o bom senso de distinguir o que deve ou não ser feito. Apesar de ninguém ter-lhes instruído quanto a isso, é uma conclusão à qual a sua longa experiência de vida deveria levar.
Reduzam a maioridade penal, porque quem já tem idade para votar, tem idade para ser preso. Aproveitem e reduzam a idade mínima para consumo de bebidas alcoólicas e cigarro. Cancelem as faixas de proibição dos filmes violentos, deixem que os adolescentes freqüentem os motéis, os bordéis e as casas de swing, que dirijam os carros e motos de seus pais com toda a liberdade que a lei permite.
Reduzam a maioridade penal, porque não se deve julgar uma pessoa pela idade. Nenhum entrevistador negaria emprego a alguém que ainda não alcançou a maioridade; qualquer assistente social daria a guarda de um filho a uma adolescente de 16 anos sozinha no mundo; todas as lojas aceitariam realizar vendas a prazo ou parceladas para garotos com menos de 18 anos; banco algum negaria empréstimo a alguém de 16 anos.
Reduzam a maioridade penal, porque investir em educação é muito mais complicado. É bem mais rápido e fácil formar um agente penitenciário que um professor qualificado. Deixem que os adolescentes aprendam com a vida o que a escola não os ensina afinal, todos conseguem segregar, mas só alguns conseguem ensinar.
Reduzam a maioridade penal, porque a infância acabou. Mesmo que ainda não tenham se desenvolvido completamente, crianças não passam de pequenos adultos e é como tal que devem ser tratados. Mandem cada um desses criminosos para a prisão e confiem que dentro de 15 anos sairão de lá serenos e regenerados.
Reduzam a maioridade penal. Ensinem os adolescentes a viver em sociedade excluindo-os dela. Já era tempo. Tudo que o Brasil precisava era de vingança e justiça. Lugar de justiça é atrás das grades e lugar de criança é a cadeia.
Carol Rosa
Um Pais Muito Distante
Era uma vez um País Muito Distante. Lá todos viviam sem ordem alguma, do jeito que bem entendiam. Mas um dia, um cidadão país-muito-distanense entendeu que outro cidadão país-muito-distanense havia lhe dito algo que poderia ser ofensivo e foi se queixar aos outros país-muito-distanenses. Eles decidiram então que algum tipo de ordem deveria ser estabelecida e assim foi organizado o 1o Congresso de Ordem de País Muito Distante.
No congresso, decidiu-se pela escolha de um juiz. Ele seria responsável por julgar as injustiças de País Muito Distante e determinar a devida punição. O primeiro caso a ser julgado, é claro, foi o do país-muito-distanense que havia se considerado ofendido. O caso era o seguinte: em uma conversa, um dos amigos havia chamado o outro de “alienado” e o outro havia revidado dizendo que ele era um “imbecil”.
Após um tempo de avaliação, o juiz acabou por decidir que “alienado” não era uma ofensa e que portanto, o Imbecil não merecia punição. Já “imbecil” era sim uma ofensa e, nesse caso, o Alienado deveria ser punido com um mês de serviço comunitário ao povo de País Muito Distante.
Revoltado, o Alienado reclamou que não cabia ao juiz decidir o que era e o que não era uma ofensa, e sim o que era e o que não era uma injustiça. Foi assim que o povo resolveu que era hora de escolher um juiz de ofensas, que determinaria o que era e o que não era uma ofensa em País Muito Distante.
O juiz de ofensas determinou três tipos de ofensa: as ofensas pesadas, as ofensas médias e as ofensas leves. No grupo das ofensas pesadas se encaixavam os palavrões. As ofensas médias eram aquelas cujo termo se encontrava no dicionário, mas que causava humilhação quase no mesmo nível que dos palavrões, como “imbecil” e “alienado”. Já as ofensas leves eram as que não eram ofensas por definição, mas que poderiam ser consideradas como tal, como por exemplo, a expressão ambígua “E sua mãe, como vai?”.
Lendo as regras do juiz de ofensas, o povo país-muito-distanense percebeu que era ofendido mais vezes do que acreditava ser afinal, havia sempre alguém perguntando como estava a mãe de alguém, ou se fulano estava lá na esquina. Então, como era de se esperar, os tribunais se encheram de pedidos de reparação vindos de todo país. E foi com a finalidade de resolver isso que organizou-se o 2o Congresso de Ordem de País Muito Distante.
Discutindo, os país-muito-distanenses decidiram que o ideal a se fazer nesse caso era cortar o mal pela raíz. Era preciso então definir a raíz do problema e, após muito debate, determinou-se que a tal raíz eram os meios de comunicação, que levavam conhecimento impróprio à população. Surgiu assim o censurador, aquele que cuidaria de eliminar todas as ofensas dos meios de comunicação de País Muito Distante.
Foram tantas as ofensas retiradas pelo censurador, que os cidadãos de País Muito Distante ficaram com um vocabulário escasso de 100 frases, todas prontas. Isso tornou impossível os costumeiros grupos de discussão literária dos domingos, os debates acalorados sobre as novas descobertas cientificas e até mesmo aquela conversa informal na hora do almoço.
Finalmente o povo de País Muito Distante estava como gostaria de estar: ordenado. Eles perceberam então que, estar ordenado é seguir uma Ordem Superior. E afinal, para que pensar por si próprio e correr o risco de ser rejeitado quando existe alguém que pense por você? Mas infelizmente o exemplo não serve para outros países afinal, os outros países estão próximos, e esse é um país muito, muito distante.
Carol Rosa
No congresso, decidiu-se pela escolha de um juiz. Ele seria responsável por julgar as injustiças de País Muito Distante e determinar a devida punição. O primeiro caso a ser julgado, é claro, foi o do país-muito-distanense que havia se considerado ofendido. O caso era o seguinte: em uma conversa, um dos amigos havia chamado o outro de “alienado” e o outro havia revidado dizendo que ele era um “imbecil”.
Após um tempo de avaliação, o juiz acabou por decidir que “alienado” não era uma ofensa e que portanto, o Imbecil não merecia punição. Já “imbecil” era sim uma ofensa e, nesse caso, o Alienado deveria ser punido com um mês de serviço comunitário ao povo de País Muito Distante.
Revoltado, o Alienado reclamou que não cabia ao juiz decidir o que era e o que não era uma ofensa, e sim o que era e o que não era uma injustiça. Foi assim que o povo resolveu que era hora de escolher um juiz de ofensas, que determinaria o que era e o que não era uma ofensa em País Muito Distante.
O juiz de ofensas determinou três tipos de ofensa: as ofensas pesadas, as ofensas médias e as ofensas leves. No grupo das ofensas pesadas se encaixavam os palavrões. As ofensas médias eram aquelas cujo termo se encontrava no dicionário, mas que causava humilhação quase no mesmo nível que dos palavrões, como “imbecil” e “alienado”. Já as ofensas leves eram as que não eram ofensas por definição, mas que poderiam ser consideradas como tal, como por exemplo, a expressão ambígua “E sua mãe, como vai?”.
Lendo as regras do juiz de ofensas, o povo país-muito-distanense percebeu que era ofendido mais vezes do que acreditava ser afinal, havia sempre alguém perguntando como estava a mãe de alguém, ou se fulano estava lá na esquina. Então, como era de se esperar, os tribunais se encheram de pedidos de reparação vindos de todo país. E foi com a finalidade de resolver isso que organizou-se o 2o Congresso de Ordem de País Muito Distante.
Discutindo, os país-muito-distanenses decidiram que o ideal a se fazer nesse caso era cortar o mal pela raíz. Era preciso então definir a raíz do problema e, após muito debate, determinou-se que a tal raíz eram os meios de comunicação, que levavam conhecimento impróprio à população. Surgiu assim o censurador, aquele que cuidaria de eliminar todas as ofensas dos meios de comunicação de País Muito Distante.
Foram tantas as ofensas retiradas pelo censurador, que os cidadãos de País Muito Distante ficaram com um vocabulário escasso de 100 frases, todas prontas. Isso tornou impossível os costumeiros grupos de discussão literária dos domingos, os debates acalorados sobre as novas descobertas cientificas e até mesmo aquela conversa informal na hora do almoço.
Finalmente o povo de País Muito Distante estava como gostaria de estar: ordenado. Eles perceberam então que, estar ordenado é seguir uma Ordem Superior. E afinal, para que pensar por si próprio e correr o risco de ser rejeitado quando existe alguém que pense por você? Mas infelizmente o exemplo não serve para outros países afinal, os outros países estão próximos, e esse é um país muito, muito distante.
Carol Rosa
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