Há algumas semanas, o tema da vez na mídia vem sendo os crimes cometidos por menores de 18 anos. Esse assunto foi mantido nas entrelinhas da sociedade por muito tempo, até que finalmente despontou na forma de sensacionalismo melodramático. Hoje a mídia explora o assunto exibindo as vítimas desses crimes no ápice de sua desgraça, através de cenas que são acompanhadas por uma dramática música de fundo e uma narração de indignação. Ouvindo essas narrações, o telespectador, desacostumado a tirar conclusões por si só, repete em coro: reduzam a maioridade penal.
Reduzam a maioridade penal, repito também. Para que ser tolerante com um criminoso, só porque ele ainda não é totalmente capaz de responder pelos seus atos? Um adolescente de 16 anos já tem plena distinção do que é certo e errado. Ele sabe a conseqüência de suas ações, conhece a lei, entende os males do vicio e está preparado para o que lhe espera na prisão.
Reduzam a maioridade penal, porque os filhos devem ser punidos pela criação deturpada que seus pais lhe deram. Em lugares onde o crime é rotina, uma criança deveria ter o bom senso de distinguir o que deve ou não ser feito. Apesar de ninguém ter-lhes instruído quanto a isso, é uma conclusão à qual a sua longa experiência de vida deveria levar.
Reduzam a maioridade penal, porque quem já tem idade para votar, tem idade para ser preso. Aproveitem e reduzam a idade mínima para consumo de bebidas alcoólicas e cigarro. Cancelem as faixas de proibição dos filmes violentos, deixem que os adolescentes freqüentem os motéis, os bordéis e as casas de swing, que dirijam os carros e motos de seus pais com toda a liberdade que a lei permite.
Reduzam a maioridade penal, porque não se deve julgar uma pessoa pela idade. Nenhum entrevistador negaria emprego a alguém que ainda não alcançou a maioridade; qualquer assistente social daria a guarda de um filho a uma adolescente de 16 anos sozinha no mundo; todas as lojas aceitariam realizar vendas a prazo ou parceladas para garotos com menos de 18 anos; banco algum negaria empréstimo a alguém de 16 anos.
Reduzam a maioridade penal, porque investir em educação é muito mais complicado. É bem mais rápido e fácil formar um agente penitenciário que um professor qualificado. Deixem que os adolescentes aprendam com a vida o que a escola não os ensina afinal, todos conseguem segregar, mas só alguns conseguem ensinar.
Reduzam a maioridade penal, porque a infância acabou. Mesmo que ainda não tenham se desenvolvido completamente, crianças não passam de pequenos adultos e é como tal que devem ser tratados. Mandem cada um desses criminosos para a prisão e confiem que dentro de 15 anos sairão de lá serenos e regenerados.
Reduzam a maioridade penal. Ensinem os adolescentes a viver em sociedade excluindo-os dela. Já era tempo. Tudo que o Brasil precisava era de vingança e justiça. Lugar de justiça é atrás das grades e lugar de criança é a cadeia.
Carol Rosa
quinta-feira, 22 de março de 2007
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