sexta-feira, 22 de junho de 2007

Vamos brincar de amigo

- Posso ser sua amiga?
- Não, você me paga para que eu seja seu amigo.
- Não é verdade. Se eu não posso ser sua amiga, então você não gosta de mim.
- Você não precisa que eu goste de você. Você precisa que eu te ouça.
- Você desgosta tanto do que ouve? Caso contrário deixaria que eu fosse sua amiga.
- Na verdade eu não te ouço. Mas finjo te ouvir como ninguém.
- Eu não preciso pagar para que alguém finja me ouvir.
- Não?
- Não. Eu posso pedir para que meus amigos façam isso.
- Sim, pode. Mas seus amigos te cobrariam mais que eu.
- Eles não me cobrariam dinheiro.
- Não. Eles cobrariam que você fingisse ouvi-los também. Ou mais, cobrariam que você os ouvisse de verdade.
- Esse é um preço que eu não posso pagar.
- Poucos podem. Hoje em dia ninguém ganha atenção o suficiente para doar.
- Culpa do governo...
- Sempre é.
- Mas você ganha bastante atenção?
- Não o suficiente para vender para você. Sabe o que é, tenho família. Mulher e filhos.
- Então o que você me vende?
- Minha hora.
- E vale a pena?
- Valeu.
- Valeu?
- Valeu. A hora acabou. Até a próxima sessão.

2 comentários:

Danilo Thomaz disse...

Inspirado na nova inimiga pública número 1?

Pedro Pimenta disse...

Duas possibilidades Ilma
botas-batidas : Ou eu faço um e-mail anônimo ou você o faz. Se eu o fizer, você manda os textos para este e-mail. Se você, mandarei o convite para ser autora do blog para esse e-mail ...
O que você preferir.